PROJETO: LENDO MULHERES QUE PROVAVELMENTE VÃO ME DEIXAR OBCECADA (PARTE II).

 

Dando continuidade a saga, venho com atualizações do que já li da listinha (que na verdade eu já tinha lido quando escrevi a parte I, pois durante um mês isso tudo só existiu na minha cabeça). Adianto que a empreitada tem se mostrado um grande sucesso, e que agora Susan Sontag e Patti Smith tem autorização formal para serem donas de mim. Seguindo a ordem de leitura, vou comentar separadamente sobre as leituras e como essas mulheres dançaram tango no meu estômago. 

SUSAN SONTAG: ENTREVISTA COMPLETA PARA A REVISTA ROLLING STONE 

Susan não escreveu esse livro, que como o título já anuncia é uma transcrição de sua entrevista para a revista Rolling Stone, concedida em duas partes no ano de 1978 a Jonathan Cott. 

Ler esta entrevista foi quase como ouvir uma conversa muito interessante e inspiradora. O carinho de Sontag pelos livros e a importância que ela remete a literatura já me ganharam na introdução, mas o desenrolar da entrevista, enfatizando os momentos em que ela defende a complexidade das coisas (o que grita atualidade em maio de 2022), me tocou o coração. Os comentários sobre o significado das metáforas, sobre a importância da contradição e de se existir no mundo prestando atenção e interagindo com o externo tanto quanto se interage com o “interno”, foram certeiras para mim. Sai desse livro empolgada para ver o mundo, ouvir as pessoas e tocar nas coisas, também sai orgulhosa de tudo que não “combina” dentro de mim, e feliz pela possibilidade de explorar com mais afinco todas as minhas controvérsias. O começo perfeito para o projeto. 

JUST KIDS

Primeiro: Patti Smith eu te amo e agora estou vivendo numa fanfic onde somos grandes amigas. 

Segundo: UAU. 

Terceiro: O surto é ao redor do livro de memórias de Patti Smith, dona e proprietária do movimento punk, poetisa, cantora, fotógrafa, escritora, compositora e musicista. Sério, ela faz tudo isso e arrasa em cada coisa, nem é gente, é anjo. Mas na verdade ela é bem gente e compartilha neste relato uma história de amor real, dela e do fotógrafo Robert Mapplethorpe, e dos dois com a arte. Patti tem uma prosa especial, poética e carregada de emoção, que  me transportou diretamente para a Nova York dos anos 60 e 70. 

Tive a felicidade de acompanhar a leitura com o audiobook narrado por ela, o que só ajudou a fomentar a minha fic de que nos tornamos amigas. Patti narra com emoção, e ouvir sua voz embargada nos momentos finais me fez chorar até soluçar. Assim que terminei a leitura corri para ouvir o Horses, seu álbum de estreia e agora ele não sai do repeat. É 100% sexo, drogas e rock'n'roll, mas também é 100% sobre crescer, sobre se descobrir, sobre ter coragem e sobre acreditar na arte e papel no  transformador que ela possui. 

E o mais bacana é saber que Patti ainda caminha neste mundo, ainda faz shows, publica fotos e escreve. Com os cabelos brancos, dois filhos adultos e 75 anos, ela soa mais incrível porque vive intensamente e verdadeiramente. Que prazer conhecê-la, e descobrir quão inteligente, sensível e esplêndida Patti segue sendo. Sai deste livro preenchida e inspirada a consumir arte até ter 5% das referências que ela mostrou nestas páginas, também sai com uma empolgação formigando para viver o que tenho pela frente. Se eu queria obsessão, ganhei.