Revi Crepúsculo no cinema 13 anos depois da primeira exibição e olha no que deu

Françoise Duprat "The Secret.

Em 2009, no auge dos meus incríveis 13 anos, acabei numa sala de cinema com a minha mãe para assistirmos a um filme que nunca tínhamos ouvido falar. O filme em questão se tornou uma das maiores obsessões da minha adolescência ( fui e sigo sendo uma pessoa bem obcecada por muitas coisas então é um palio bem difícil), o ponto é que Crepúsculo marcou a história da minha vida de uma forma muito óbvia. Assim que o filme acabou e a tela mostrou que aquilo tudo era na verdade a adaptação de um livro (!!!!!!!), minha mãe me levou na livraria do shopping que estávamos, e voltei pra casa agarradinha com Lua Nova, a continuação da jornada do casal que eu já amava demais. É um dia que lembro muito bem, do jeito que a gente lembra dos grandes momentos.

Crepúsculo não me fez leitora, eu provavelmente já amava os livros antes de aprender a ler, mas Crepúsculo me fez uma fã obstinada e orgulhosa, e me levou a incontáveis horas trancada no quarto relendo minhas cenas favoritas, levou meu padrasto a imprimir o último livro inteirinho em papel A4 por que eu consegui um pdf na internet e não conseguia esperar a tradução chegar nas livrarias, levou a uma coleção surrada na estante, pois fiz questão de emprestar esses livros a todas as amigas que se mostraram minimamente dispostas a lê-los.

Ao longo destes 13 anos eu revi esses filmes e reli esses livros um milhão de vezes, mas estar novamente numa sala de cinema suspirando por um vampiro vegetariano que brilha no sol, me transportou diretamente para a cabeça daquela Jade de 2009 que me é muito estranha ao mesmo tempo muito amada. E a questão do ‘amada’ foi o que me fez sentar para escrever esse post. Que na verdade é um post para comentar como eu levei tanto tempo para fazer as pazes com a garota que eu fui.

Por muitos anos eu ignorei e escondi num baú no fundo de mim a adolescente que tinha o quarto lotado de posters do Edward Cullen, do Kurt Cobain e usava luvinhas de motoqueiro cortadas para ir à escola. Achei que eu era adulta demais, madura demais para perder meu tempo com esse tipo de coisa. E é CLARO que eu achava que eu não era como as outras garotas, então simplesmente precisava ficar longe desse tipo de entretenimento e ler mais Shakespeare.

Até que eu cresci de verdade, ou foi o contrário, e eu entendi que não cresci coisa nenhuma e fui me redescobrindo, olhando com mais carinho para a adolescente confiante e orgulhosa que fui. Acho que conforme o tempo foi passando, eu fui me tornando mais assustada, apreensiva, me importava mais com a opinião dos outros, comecei a viver em alerta constante, por causa das redes sociais, por causa da faculdade, ou só porque ser adulto é muito doido e as relações humanas são mais complexas do que eu remotamente poderia imaginar. Mas que bom que o tempo passa.

Hoje eu sei quanto eu tinha dentro de mim, e quanto eu to tentando resgatar de pouquinho em pouquinho. Na segunda vez que vi crepúsculo no cinema eu era a mesma pessoa, mas também uma pessoa completamente diferente, e acho que isso é uma das coisas mais legais do mundo. Como a gente muda e continua a gente.


Post scriptum: algumas coisas que aprendi nos últimos 13 anos (com memes).

-Amar o fato de ser exatamente como as outras garotas. Ter mulheres que admiro como referência é um ponto central na minha existência.

-Abraçar a complexidade e não me prender a qualquer rótulo que eu inventei para mim mesma, oferecemos literatura russa e Taylor Swift neste endereço.

-Que o mundo é tipo uma cebola (sério!), assim como as obras de ficção e as pessoas. A gente não precisa ter pressa para desvendar todas elas. Ta tudo bem levar tempo, tentar de novo, desistir, lamentar o leite derramado e depois tentar colocar o leite derramado de volta na tigela. No geral essa ideia da cebola também é muito boa pois a cebola te faz oq? isso mesmo, chorar (assim como o mundo!!!!).

-Vale muito a pena passar vergonha sendo genuinamente empolgada e feliz.

Comentários

  1. Jade, querida. Que texto bonito, emocionante e maduro! Tão bom quando aprendemos a olhar para o que fomos com orgulho, com carinho, por ter sido o que foi possível. E aprender com a coragem de nossos eus anteriores, menos preocupados com a opinião alheia, mais focados em nossos próprios desejos e felicidade. Eu lembro que em 2019, quando eu tinha 19 anos, li Crepúsculo! Mas por motivos de estar na faculdade acabei deixando de lado a continuação da leitura. Mas os filmes eu vi todos!

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